Nota de Boas Vindas.

Decidi criar este blog, porque gosto muito de brincar.
Brinco com tudo, e tudo serve para fazer uma boa piada, e dar uma boa gargalhada

Não pretendo de modo algum ferir susceptibilidades.
tenho a noção das dificuldades que um cego experimenta no seu dia a dia, até porque eu também sou cego congénito.

Mas a cegueira não pode representar o fim do mundo, e temos de ir há luta, agarrar o boi pelos cornos, e fazermo-nos à vida!

se não formos nós a brincar com a nossa condição de cegos, quem brincará?

Respeito todos aqueles que não gostam desta forma de encarar a cegueira.
Mas também peço que respeitem o nosso sentido de humor, e a forma descomplexada e sarcástica com que nós abordamos este tema.

Pela Internet, existem imensos espaços, onde a deficiência visual é abordada de uma forma séria e muito profissional

Por exemplo o Lerparaver Para mim o melhor site em língua portuguesa sobre deficiência visual.

Neste espaço, vamos contar as histórias caricatas que nos acontecem no dia a dia, as abordagens mirambolantes que nos fazem diariamente, em fim, vamos
brincar com a nossa condição de Cegos.

Se ainda não se sente à vontade, pedimos que saia deste blog, pois a linguagem e expressões que aqui vão ser usadas, podem ferir algumas susceptibilidades.

Para aqueles que tal como nós gostam de se divertir com o facto de serem cegos, espero que nos ajudem a construir este blog.

Este blog tem o alto patrocínio das seguintes firmas

Cerveja Braille.
Serveja Braille, a Serveja que lhe dá pontos!

Super-mercados verdade.
Super-mercados verdade, onde os preços, parecem mentira!
Super-mercados perdade, pague agora, leve mais tarde!
Supermercados verdade, até quem não vê acredita!

cuidados com os cegos

Este texto, pretende dar a conhecer de uma forma bem disposta e divertida, alguns cuidados a ter quando se depara com uma pessoa cega na Rua, ou em sua casa.
Espero que com este registo lúdico, possa perceber e interiorizar melhor cada uma das 14 dicas que eu aqui coloco.
1. Quando abordar um cego na Rua, empregue um tom de voz natural.
Lembre-se de uma coisa. A maior parte dos cegos não são surdos!
Para quê armar um arraial de gritaria no meio da rua, só porque se acabou de cruzar com uma pessoa cega? Quem vir de longe ainda vai ficar a pensar que vocês estão zangados, e não vale a pena!
2. Não substitua a palavra veja, por oiça ou apalpe.
Muitas vezes os normovisuais quando estão a explicar um caminho dizem assim. Está haver aquela rotunda que fica ali a um Quilómetro?
Agora eu pergunto. como é que podem ver uma coisa a tão grande distância?
Ora aí está. Vocês dizem que estão a ver, mas isso é uma treta, não estão a ver coisa nenhuma! É como os cegos. Nós também utilizamos a palavra ver, porque ela faz parte do nosso vocabulário, e a gente habituou-se de tal forma a ela, que a usa inconscientemente.
Também não gostava que lhe perguntasse. Está a sentir aquele cruzamento ao pé da Igreja? Ficava estranho, não ficava?
Então já sabe que num diálogo com os cegos passa-se a mesma coisa.
3. Não se iniba de utilizar as palavras: Cego, cegueira, ou outras expressões similares.
Se vai estar a usar uma linguagem própria para cegos, terá de usar uma outra para coxos, outra para surdos, e até deve encontrar um vocabulário próprio para malucos, que como sabe preenchem o grosso dos deficientes!
Já viu a dificuldade que era?
Agora a sério. Não é preciso usar palavras diferentes quando fala com pessoas cegas. Nós próprios dizemos muitas vezes. Eu fique ceguinho, se não adoro um bom cozido à portuguesa!
4. Quando se dirigir a uma pessoa cega, é conveniente dar-se a conhecer.
se não souber ou não se lembrar do nome da pessoa naquele momento, toque-lhe levemente no braço, mas cuidado, não lhe o parta!
5. Quando acabar a conversa, tenha sempre o cuidado de nos informar que se vai retirar.
É muito chato a gente ficar a falar para o boneco. E imagine se estivermos a fazer uma confidência, e não tivermos o nosso interlocutor à nossa beira, e ao invés termos outras pessoas!
6. Evite usar expressões de Piedade, ou outras considerações sentimentais.
Esse tipo de lamechices, não por favor. Imagine se começamos todos a derramar lágrimas. Fazemos uma inundação que deus me livre!
7. Evite também expressões de espanto quando algum cego executar uma das muitas tarefas usuais da vida.
Não me diga que depois de tudo isto que leu, ainda não sabe que os cegos tomam banho, vestem-se, e comem sozinhos!
8. Fale sempre directamente com o cego, nunca por entreposta pessoa.
Por vezes acontece estar um cego acompanhado por outra pessoa num jantar por exemplo, e haver alguém que diz ao acompanhante do cego para lhe perguntar se quer vinho?
Porque é que essa pessoa não fala directamente para o cego? Para que é que precisa de um intermediário? Dá a ideia que os cegos falam chinês, e que é preciso traduzir aquilo que eles dizem!
Para falar com um cego não precisa de saber Braille!
E regra geral os intermediários cobram-se do serviço que prestam!
9. Quando conduzir um cego, não procure com os seus movimentos erguê-lo.
Já viu que os cegos regra geral são pesados. Não vale apena tentar pegar num cego ao colo! Pode magoar a sua coluna e não é preciso. Os cegos ficavam com remorsos!
Regra geral, um cego tem boas perninhas para andar, e não é necessário que o levem, nem ao colo, nem a rasto. Basta dar o cotovelo, que a pessoa cega vai meio passo atrás, e quando surgir algo de diferente, basta parar e ela apercebe-se através do braço do guia, se é para subir uma escada, se é para descer, etc.
10. Nos Degraus, tenha o cuidado de informar se são a subir ou a descer, mas não diga quantos são.
É conveniente avisar a pessoa cega se os degraus vão em sentido ascendente ou descendente, mas não diga o número de degraus que o cego tem de calcorrear. Imagine que você se engana. Catrapumba! Lá vai o cego para o chão. Se a pessoa cega for a guiar-se pelo seu braço, ela apercebe-se quando terminam os degraus.
11. Quando indicar o caminho a uma pessoa cega, procure não confundir a direita com a esquerda.
É básico. Imagine que à direita temos um café, à esquerda um precipício. O Cego, convencidíssimo que vai para o café, obedece a uma ordem de alguém que em vez de o mandar para direita, manda-o virar para a esquerda, e, era uma vez um ceguinho!
12. Quando abrir a porta do seu veículo, verifique se naquele momento não vai a passar um cego.
Está-se mesmo a ver o filme, vem um cego de Bengala, em passo acelerado, entretanto você tem a porta do automóvel aberta, o que acontece! No mínimo dos mínimos, um nariz partido! Tenha cuidado com isso.
13. Quando estiver a conduzir uma bicicleta ou moto, tenha muito cuidado quando vir alguém armado de Bengala em punho!
Imagine que o cego vai na rua, você passa com a sua bicicleta, e o cego sem querer mete-lhe a bengala no meio das rodas. Você é que não ficará em muito bom estado! Mas não seja causador de um remorso estúpido para com ninguém.
14. Não grite de longe para um cego, para o avisar de determinado obstáculo, a não ser que o objecto não seja detectável pela Bengala.
Primeiro, se você gritar muito, vai doer-lhe a garganta! Depois imagine. Você vai fazer figura de parvo, porque toda a gente vai ficar a olhar para si, e o cego também vai ficar com cara de parvo, porque todos também vão ficar a olhar para ele. em suma, ficam os dois com ar de parvos!
Não é preciso gritar. Se poder correr discretamente para ajudar o cego, muito bem, se não deixe-nos bater com a bengala. Lembre-se que a bengala não faz doer, e se a gente anda com ela é para bater. É melhor isso do que andar aos berros no meio da rua, como se nós fôssemos fugitivos.
Se estivermos perante um obstáculo que você veja que o cego não o vai detectar com a bengala, aí então é mesmo melhor gritar. Mal por mal prefiro ficar com uma cara de parvo, do que partir a cabeça!

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