Muito se tem discutido sobre a corrupção em Portugal.
Sem dúvida que os autarcas, têm sofrido na pele a especulação jornalística que paira sobre eles, e muitos acabam por arcar com o ónus da vigarice que é praticada por uma dúzia de autarcas desonestos, que fazem das câmaras municipais a sua casa, e gerem os dinheiros públicos como se fossem seus.
Qual a solução para isto?
Até agora, ainda ninguém exibiu a varinha de condão.
Pois bem, chegou o momento de vos apresentar aquela que é a melhor solução para acabar com os autarcas corruptos.
Aqui ficam 8 razões para que Dora avante, os presidentes de câmara tenham de ser cegos.
1. Justificamos perfeitamente os motoristas particulares.
É sabido que os cegos não podem conduzir, logo ninguém ia ficar chocado se uma câmara municipal presidida por um cego, tivesse dois, três, ou até quatro motoristas ao serviço do presidente! É preciso haver rotatividade, e um presidente tem de estar ao serviço 24 horas por dia!
2. Também podíamos contratar mais assessores do que o normal.
Para além de motoristas, a gente precisa de assessores que nos ajudem a digitalizar os documentos, e a fazer um sem número de coisas. Quem ousaria pôr em causa que um cego precisava de 50 funcionários no seu gabinete?
Com os cegos a presidentes, ninguém se escandalizava com a contratação de toda essa gente.
3. Ninguém se ralava com o facto de assinarmos documentos sem os ler.
Todos sabem que os presidentes de câmara assinam muitas coisas de cruz, se for um cego, ninguém tem de condenar essa prática, já viram se a gente tivesse de passar para Braille todo o expediente?
Assim, quando aparecesse uma bronca, um cego safava-se bem melhor do que uma pessoa que vê.
Certamente nunca algum munícipe poria em causa a idoneidade de uma pessoa cega, se por acaso a respectiva câmara municipal fosse prejudicada pelo facto de o seu Presidente ter assinado determinado documento.
4. Podemos fazer discursos arrastados que as pessoas não nos vão criticar por isso.
Ler em Braille não é a mesma coisa do que ler em tinta. Para além disso, um cego se fizesse um discurso grande tinha de estar sempre a virar a folha. Um presidente que vê, se fizer um discurso paxorrento, arrastado e sonolento, começa logo a ganhar assobios e apupos.
Um Ceguinho sempre tinha a desculpa de estar a ler em Braille, e como Deus tira uma coisa e dá outra, até será de prever que ao invés das pessoas que ouvem o discurso começarem a dormir, antes emocionarem-se e fizerem romarias para ver o ceguinho a discursar.
5. Não é necessário cuidar do conteúdo dos discursos.
Não se preocupem, o que vai impressionar não é aquilo que o Presidente cego vai dizer, mas sim o facto de ele estar a ler aquela letra esquisita que ninguém conhece, e ainda por cima, em vez de ler com os olhos, vejam só, lê com os dedos! Ele pode dizer coisas perfeitamente banais, até pode referir que vai aumentar os impostos que as pessoas vão sempre bater palmas.
6. Também não precisamos de estar sempre a olhar para o público que nos ouve a discursar.
Um presidente que vê, tem de estar sempre a olhar olhos nos olhos as pessoas, não pode desviar o olhar, e está proibido de se distrair.
Um ceguinho, não tem nada que fazer essas formalidades. É mais uma vantagem!
7. Os cegos nunca seriam vistos aos olhos do povo como corruptos.
Se nós somos criaturas perfeitas, angelicais, somos uma manifestação do divino, alguém ousaria sequer sonhar com a possibilidade de um cego presidente ser vigarista?
Se por mero acaso a oposição tentasse pôr em causa a seriedade de um cego, tinham logo aí as associações de deficientes todas à perna a berrar, porque o presidente estava a ser descriminado. Este por sua vez ia dizer que nunca em nenhuma circunstância podia ser batoteiro porque não via para fazer as coisas.
Os munícipes iam ter pena dele. E a oposição ia ser vista aos olhos da opinião pública como tendo feito sacrilégio.
8. Não tínhamos de trabalhar muito.
Se no final do mandato, o trabalho para apresentar não fosse muito, não vinha grande mal ao mundo, ao fim e ao cabo somos cegos, e tudo o que a gente faz é por Deus. O juízo dos munícipes iria invariavelmente neste sentido. Pela deficiência que o Presidente tem, já fez muito!
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